This could be heaven or this could be hell!

Tal como o “Hotel California” mas por diferentes razões, este país pode ser “heaven or hell”. Como sempre gostei de deixar o bom para o fim, comecemos então uns quilómetros debaixo do chão, com Lúcifer como anfitrião.

Toda esta fase começa (e acaba) no momento em que se aluga ou compra um carro. É que já fomos multados pelas mais variadas razões!

A nossa primeira multa Australiana foi há um ano quando cá viemos de férias. Íamos na auto-estrada e vimos umas placas a dizer que estávamos a chegar a umas portagens. Andámos, andámos e nada, não havia portagem. Muito tugas ficámos todos contentes a achar que já nos tínhamos safado. Passados uns meses recebemos uma carta em casa com a multa por passar na portagem sem pagar. Acontece que por cá a grande maioria das portagens são do tipo via verde e não há alternativa. Quem não tem o identificador, depois tem de ligar para um número a dizer que passou em tal sítio a tal hora e regularizar a situação. Por total desconhecimento, nós obviamente não fizemos isto.

Entretanto já fomos multados porque o “ticket” de estacionamento tinha expirado há 15 minutos e porque íamos 10 km/h acima do limite de velocidade. Mas as que mexeram mais comigo foram sem dúvida as duas últimas.

No fim-de-semana em que mudámos de casa vínhamos com o carro cheio. Para o descarregar deixei o carro num sítio proibido. Diga-se que era Domingo à noite, o carro não interferia com a circulação, não estava em segunda fila nem em cima do passeio e não havia ninguém na rua. Descarregámos o carro, levámos as coisas para casa e meia hora depois, quando voltei para arrumar o carro num sítio permitido, tinha sido multado e na ordem das duas centenas. Passei-me!

Mas aquela que me fez mesmo perder as estribeiras foi a última. O dia era o do BBQ em Coogee (já relatado). Depois de muito procurarmos por um lugar que não tivesse limite máximo de tempo e que fosse gratuito, lá encontrámos um que para além de ser isto tudo ainda era ao lado do sítio onde se daria o evento. Orgulhosamente estacionei o carro, tirei o kit BBQ e seguimos para a grelha. Passado algum tempo tive de ir ao carro. Qual não foi o meu espanto quando descobri que tinha sido multado outra vez! De cabeça perdida fui à procura de uma placa que me explicasse a razão de ser daquela multa. Lá acabei por encontrá-la e confirmava-se que não só estes lugares eram gratuitos como também não tinham limite de tempo. Excluídas estas duas razões motivadoras de multa descobri que tinha sido multado por ter estacionado com a frente para o passeio em vez de ser de marcha atrás! Que desespero! Vai-se lá entender esta regra!

Enfim, àqueles que cá vierem, fica desde já prometido um briefing sobre interpretação de placas de estacionamento. Os mais sensíveis e especialmente os Lisboetas deverão vir preparados para verem muitos bons lugares desperdiçados por serem proibidos. Devo dizer que é de partir o coração!

Naquela zona a que dão o nome de céu estão outras duas situações igualmente incríveis.

Um destes Sábados chegámos a casa por volta das 6h da tarde. Vínhamos carregados com algumas tralhas e com a pranche de surf. Entrámos atabalhoadamente em casa e fomos à nossa vida: descansar um bocado, tratar do jantar, ir para o sofá ver um filme, adormecer no sofá, arrastarmo-nos até à cama e dormir até ao dia seguinte. Até aqui tudo normal... No Domingo acordámos e quando íamos a sair de casa a Leonor ouve-me perguntar “Leo! Vieste abrir a porta!?”. “Não, porquê?” ouvi eu de volta. Enfim, a porta tinha ficado aberta a tarde e a noite toda com uma mesinha mesmo em frente com as chaves de casa e do carro, com a minha carteira e com o Blackberry. Incrível! Não faltava nada!

O extremo celestial deu-se quando voltámos do fim-de-semana com as baleias. Na segunda-feira seguinte dirigi-me ao carro e à distância vi que tinha um papel no vidro que me levou a pensar que tinha sido multado outra vez. Cheguei lá e era um bilhete deixado por um tal de James a deixar o seu telemóvel e a pedir-me para lhe ligar. Dei uma volta ao carro a achar que o ia encontrar todo partido mas, não tinha nada. Quando finalmente lhe consegui ligar ele lá me explicou que na noite anterior quando voltava para casa viu o saco de uma câmara junto ao porta-bagagens. Sim! Deixámos a máquina fotográfica (a Canon SRL e as duas objectivas) na rua depois de termos descarregado o carro! O James apanhou-a, levou-a para a casa e voltou ao carro para deixar o bilhete! No doubt this is also heaven!

Para que não seja só texto, aqui ficam algumas imagens de Domingo, passado entre o nosso bairro, a praia de Bronte e o Opera bar com o mais recente casal chagado à Austrália, Isabel Cardim e John Leitão, o casal Vozone, a Annabelle e a Charlotte entre outros.

Esta já foi na segunda-feira, no último dia da Marion por cá